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Antonio Lopes - Crônica 378 – Distúrbios Psicossomáticos

Algumas pessoas dizem que sabem controlar suas emoções e que sentimentos negativos não as afetam. Isto não quer dizer que elas não estejam experimentando as emoções que são provocadas por diversas situações que se manifestam no dia a dia. Mascarar o que sentimos é o que se pode observar como um meio de controle emocional. Não agir sob estado de emoção é inteligência e cautela como defesa de sua integridade, mas os afetos recebidos provocam sensações com inúmeros pensamentos de tirar o sono.

Vivenciar situações complicadas faz parte da vida e, quando permanece durante um tempo prolongado, se experimenta altos níveis de ansiedade, comprometendo seriamente o psicológico. Os sistemas fisiológicos podem se alterar por excesso de solicitação e serão incapazes de defender o organismo. Os processos cognitivos ficam prejudicados e provocam uma diminuição do rendimento intelectual, levando a evitar as situações que resultam dessas reações ansiosas, comprometendo a vida sócio-ocupacional.

Mesmo controlando as reações de ansiedade, haverá níveis elevados da ativação fisiológica global, de alterações do sistema nervoso autônomo e mudanças no sistema imune. Ao invés de se protegerem contra as emoções negativas, as pessoas que se dizem controladas não estarão reconhecendo os estados emocionais negativos que estão experimentando. Talvez estejam mascarando a raiva, a ansiedade, o medo ou a tristeza. As tentativas de livrar-se (dissimular) dessas emoções negativas nem sempre têm êxito pois, alguns que aparentam uma certa tranquilidade, podem estar desenvolvendo uma alta reatividade fisiológica. São obrigadas, pelo papel social que desempenham, a disfarçar sentimentos diuturnamente, mas nem por isso significa que não estão experimentando intimamente tais emoções.

O desgaste psicossomático proporcionado pelo esforço em esconder as emoções pode ser muito alto, vindo daí o conceito popular de que as emoções que não são manifestadas livremente acabam eclodindo em outro lugar do organismo. Dessa forma, surgem doenças que não são diagnosticadas por exames clínicos, pois são resultado de psicossomatização. Psicossomatizar é transferir para o corpo, em forma de patologias, as vivências emocionais, que resultam em múltiplos transtornos difíceis de serem tratados.

A raiva, por sua estreita relação com os transtornos cardiovasculares, prejudica sensivelmente as atividades e relacionamentos pessoais, elevando o risco de vida do indivíduo. A tristeza tem sua representação psicopatológica, contribuindo para a depressão. Algumas dores de cabeça, dor nas costas, algumas arritmias cardíacas, certos tipos de hipertensão arterial, algumas moléstias digestivas, entre tantas outras doenças, podem ser produzidas por uma excessiva ativação das respostas fisiológicas do órgão ou sistema que sofre a lesão ou disfunção (cardiovascular, respiratório, etc.).

As emoções positivas geram uma experiência agradável, tais como a alegria, a felicidade ou o amor e potencializam a saúde, enquanto as negativas tendem a comprometê-la. Em períodos de estresse, quando as pessoas desenvolvem muitas reações emocionais negativas, é mais provável que surjam certas doenças relacionadas com o sistema imunológico, como a gripe, herpes, diarreias, refluxo, gastrites ou ainda outras infecções ocasionadas por vírus oportunistas. Em contrapartida, o bom humor, o riso e a felicidade ajudam a manter e/ou recuperar a saúde.




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