A traição compulsiva é um comportamento instintivo humano, atribuído a uma elevação dos hormônios masculinos ou femininos, impulsionando a busca da satisfação de fantasias sexuais, fetiches inconscientes e curiosidade de viver uma experiência fora da rotina. A tentação domina o Ego com sensações e um grande volume de pensamentos, para alcançar a oportunidade da aventura, invade a mente que pode ficar sem controle. Segundo Freud, o ser humano está sempre em busca da satisfação da primeira experiência. Portanto, ao acontecer uma aventura de grande prazer, a libido ficará estimulada à repetição de forma insaciável.
Nos homens, um nível mais elevado de testosterona, que é o hormônio masculino, mais os traços genéticos do macho que procura fecundar mais fêmeas, como foram os ancestrais nas cortes e nas conquistas dominadoras do passado, onde o mais forte e poderoso podia usufruir da escolha sexual que mais lhe conviesse. Essa herança cultural influi de forma quase irresistível ao desejo de se relacionar com mais de uma mulher, estabelecendo bigamias e/ou poligamias. O mesmo também acontece com as mulheres que experimentam uma aventura prazerosa.
A relação sexual rotineira de um casal provoca frustrações das fantasias, aliado ao desentendimento por falta de um diálogo franco, ou por preconceitos culturais, religiosos ou sociais, culminando com a traição. Companheirismo, respeito ao espaço do outro, gostar do que ela ou ele gosta, interesse pela vida um do outro, colaboração e participação na vida individual e social, a busca de satisfazer o outro em suas fantasias sexuais e de vida, compreensão, sedução, carinho e vida própria do casal faz a receita para um relacionamento harmônico e duradouro.
Reduzir as saídas individuais com os amigos, reduzir os encontros familiares, sair mais vezes a dois, ir ao cinema, a um jantar, deixar de assistir ao futebol ou acompanhar uma novela, desligar a TV, colocar uma música agradável, dançar em trajes íntimos no seu lar, deixar rolar a imaginação e dizer, sempre: Eu te amo! É uma bela receita para diminuir as possibilidades de traição.
A dor que provoca a traição é tão ardente que a pessoa sofre alterações químicas e hormonais, despertando a raiva como a de um animal feroz, capaz de cometer ações agressivas ao seu próprio corpo. Pensamentos mórbidos de suicídio completam o desespero, que culmina com crises de choro. Além dessas alterações emocionais, a capacidade profissional e de atividades culturais fica extremamente prejudicada.
O tormento de uma traição, tanto para o homem como para a mulher, é fulminante e jamais é apagado da memória. Dizer que resolveu a relação com o perdão pode ser uma grande mentira. Uma vez vivenciados momentos intensos de prazer, a pessoa ficará tentada a repetição e basta surgir uma pequena oportunidade para que o instinto se manifeste com energia avassaladora, em busca do gozo.
Embora tal comportamento esteja na contramão das regras sociais, religiosas e morais, ele é humano, 100% Humano.
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Diversos 05/04