Mateus, 28/05/2018.
Um menino
Um éden,
o menino vivia nele
o menino avistou
ao longe, uma torre
que mais parecia uma árvore
mas que, ao escalá-la mais
alto,
poderia se ver, em sua forma
partes de metais
que não combinavam, com os demais
ramos e galhos na base
de lá;
e o menino a escalou
a escalou, e, no começo, foi difícil,
mas depois, o hábito (ou o vício) de escalar
se tornou motivo para se agradar
e não incomodar,
pois, à cada dia
o menino chegava mais perto do topo.
E foi assim,
dia após dia
o topo parecia
mais perto;
e, de certo
realmente estava
mas o menino não podia avistá-lo;
até que, uma manhã
o menino viu
“O topo, o topo!” - ele disse.
E, quando disse, começou à escalar
com o dobro da velocidade
que vinha exercendo, e vendo
o topo cada vez mais perto
a velocidade, em vez de dois
foi à quatro
vezes mais,
e, exponencialmente,
ele deixou pra trás
aquele chão cheio de flores,
e animais e calores
que ele tinha - já
faz tempo -
abandonado no éden
você talvez esteja se perguntando
porque o menino abandonou
lugar tão bom, de se viver;
bom, você deve saber
como é ter
a curiosidade
de saber
o que há em algo único,
diferente de tudo,
e escondido
por entre nuvens
de pleno
mistério…
e assim era a árvore;
não, sério,
ela se assemelhava
aos maiores mistérios
que a humanidade ainda está pra descobrir,
porque, para o menino
ela era o único,
o único mistério que existia
naquela terra plana;
e assim foi, o menino
a escalou,
inteiramente.
Foi aí, e aí,somente
que ele teve tempo pra pensar.
E, ao pensar
começou à lembrar
de sua vida.
De seus amigos,
de seus animais,
de como era feliz
naquela terra cheia de palmeiras
e de ameixas, e de besteiras
para se fazer o dia todo
e começou a perceber
o quão cansado estava -
pra dizer a verdade, nunca esteve tão cansado, assim
em toda a sua vida.
Fatigado, chegado
ao topo
e vendo que nada lá havia -
apenas um pico em forma de círculo -
e com saudades de sua terra;
o menino se jogou.
Do topo, caindo,
foi.
E ninguém sabe mais dele.
Bom, pelo menos eu
não sei,
pois eu escalei
aquele pico todo
com o guri,
e, agora,
que já faz tempo
que eu vi
o menino cair,
cair…
Não sei mais o que fazer.
Estou sozinho, passando frio
neste topo que dá calafrio
só de pensar, de concretizar
(em minha mente)
a realidade de que estou
nele.
Agora, do menino,
dele só sei que caiu.
Mas a comida está acabando, e eu
congelando; e agora, exatamente agora;
enquanto escrevo este poema;
estou tentando,
tomar coragem
de me jogar.
Não sei o que vai acontecer
quando eu o fizer,
não sei se este dia,
algum dia vai chegar;
só sei que vou esperar
(ou não) até reunir a coragem necessária.
Mateus, vinte e oito de maio
de dois mil e dezoito.
Deseje-me sorte.
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