Os estereótipos que são ‘empurrados goela abaixo’, na formação do ser humano, são manifestações de desejos não realizados dos genitores e da sociedade, que adquirem padrões de vida, como a forma mais adequada de ser, e assim encontramos pessoas sofridas, com personalidades castradas, as quais se apresentam introvertidas, tristes, subjugadas a valores que não são os delas, mas não conseguem se libertar de tanta censura, vivendo como no Mito da Caverna, de Platão, no fundo de uma gruta onde as sombras são a realidade da própria existência.
Conduzidos a dançar conforme a música que nos é imposta e a acreditar que as pessoas que amamos têm razão, não queremos magoá-las e muito menos receber críticas delas. No entanto, lá no fundo da alma há uma energia reprimida e recalcada, semelhante a uma bola que afundamos num tanque de água, mas ao soltar emerge com força, explodindo como um poderoso míssil disparado no espaço.
O tempo passa, a vida vai passando e, vivendo nas sombras que habitam o ser humano, a insatisfação pessoal atormenta e inibe as capacidades inconscientes, fazendo com que ela torne-se uma pessoa submissa à vontade alheia, sem conseguir realizar seus desejos, anulando a própria vida.
Não sabemos como enfrentar as perdas, desequilibrando em nós a maravilha de viver. A vida continua e os acontecimentos não param. Até parece que se está brincando num eterno ‘faz de conta’ do que se é e não sabemos o que somos, muito menos o que temos a capacidade de ser ou fazer.
Desde cedo somos conduzidos a acreditar que as pessoas a quem amamos são os donos da verdade. No seio familiar as desavenças são constantes e o que se vê é uma disputa como se estivessem num jogo, onde ganha quem derrota o adversário, sem levar em conta a dor e a humilhação pelas quais o outro passará.
Fomos educados pelo medo e domínio de outros, que nos mantêm acorrentados no fundo do poço escuro de agonias por não se permitir ser feliz do jeito que se é. É preciso aprender a viver, fazer amigos, estudar, namorar, rir, fazer amor, amar e ser amado sem preconceitos. Não nascemos com uma vida traçada mas, sim, podemos construir um destino que nos faça feliz, com liberdade de ser e sentir o prazer de viver e fazer as próprias escolhas.
Permita-se ser feliz do seu jeito, e não como os outros querem que você seja. Permita-se se libertar e desfrutar dessa curta passagem humana. Não ter medo de errar contribui para a autoestima, tão necessária para o bem-estar pessoal. Permita-se construir sua vida e não a vida que os outros querem lhe impor, você merece viver com alegria. Permita-se ser 100% humano.
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Diversos 10/09