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Antonio Lopes - Crônica 338 - O que realmente importa?

O marido diz que sua esposa é compulsiva, que tem um temperamento explosivo, é muito crítica e faz as coisas com repentes inesperados. Ele, afetado, reage pensando numa forma de responder com argumentações que sejam imbatíveis, para vencer a discussão e ganhar o jogo, sem procurar analisar o que importa.

Ela, por sua vez, quer que seu desejo seja atendido e que as coisas sejam feitas do seu jeito, mas não leva em consideração como é o jeito dele. Assim começam os desentendimentos e os afetos se tornam agressivos e às vezes humilhantes, distorcendo uma relação a dois.

Ela quer a cor branca, ele a cor amarela. Cada um quer argumentar que tem razão e que a sua escolha é a melhor, chegando a debater como numa luta livre, gerando um clima de raiva e discussão por tão pouco. A adrenalina estimulada tenciona a musculatura, o fluxo sanguíneo se altera e o diálogo se torna agressivo, produzindo raiva e desejo de destruir (a opinião) o outro.

Acusam-se pelo mau resultado ou pela desorganização da casa, do trabalho, das finanças, sem que juntos possam conversar para estabelecer um projeto comum. O que passa a valer é a disputa de quem é que tem razão. As reclamações se tornam sucessivas e o clima da relação vai se destruindo, sem que percebam as perdas que são resultantes de se importarem com picuinhas, nenhum dos dois quer dar o braço a torcer.

Banalidades invadem os pensamentos, provocando conflitos nas tomadas de decisão em diversos assuntos, pois discutem calorosamente sobre uma situação qualquer e não procuram entender o que realmente importa.

Podemos entender que o importante é onde se quer chegar, selecionar o que vale a pena e o que é possível fazer com cada situação. Na vida, o que realmente importa é o que fazer com aquilo que possuímos e o que fazemos de nós. O que o outro pensa não é problema seu, desde que não o afete.

Ficar muito preocupado com o que vão pensar de você e não perceber que o pensamento alheio não lhe pertence só agita a sua neurose. Não sobrecarregar seus dias com preocupações desnecessárias para não perder a oportunidade de viver com alegria é o melhor para se pensar. Não procurar culpados para o seu mau humor e seus fracassos, mas buscar aprendizado com as situações vividas pode ser o caminho para alcançar o equilíbrio e o melhor resultado.

Não importa o que fizeram com você, mas o que você faz com aquilo que fizeram com você. O importante é filtrar as experiências emocionais que nos atingem e fazer a vida valer a pena. Errar, aprender, ouvir e recomeçar é a sabedoria do que realmente importa.



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Diversos 08/02