caso a idade
aumente
   [a vaidade,
eu peço à deus

para que os meus anos
não sejam tão longos
          [assim.

caso o profeta
tenha razão,
e que, de mim,
apenas nasça escuridão;
peço que eu não viva,
não mais.

eu sei,
deixar para trás
tudo o que me faz
      [eu,
dói como a morte;
mas não quero que a sorte
conduza o meu destino
diante de um caminho
que não traz nada,
senão mal.

não quero que eu me porte
como um animal
(ou pior)
de frente à pior
situação que possa
            [ocorrer.

não quero me ver
diante do espelho,
e não reconhecer
aquela face que me olha;
ou pior, não quero que a glória
e as vitórias me ceguem,
e que neguem
aquilo que (realmente) fui
um dia.

sim, almejo a alegria,
assim como todos nós.
mas não à qualquer custo

e se o custo
for maior
do que o valor
que me faz, num clamor,
clamar tudo que é dele;
peço que seja triste

e se, mesmo assim
 o destino insiste
em me ver
tão mau;
peço que, afinal
eu morra,
pois não há mais motivos
                [pra viver.

e mesmo, mesmo que venha doer,
peço (pro senhor) entender;
que tudo o que eu fiz até agora
veio da espera - ou da demora -
                   [que eu tive para ter isto.
e mesmo que o senhor
         [não tenha visto,
eu fiz;
e mesmo que o amor,
foi omisso,
a dor me consumiu.

então, eu peço,
do fundo do coração.
que não
me mate;
que não
exalte a sua vontade
           de me ver infeliz
(mas lembre-se,
caso venha o que é pior
não hesite um instante
em me matar,
ou em sacrificar
meu ser feliz.),
mas que, por fim,
           [perceba,
que eu mereço ser,
eu mereço ter,
eu mereço ver.
e eu mereço,
       [mais que tudo,
saber.



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