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Antonio Lopes - Ensaio Psicanalítico 426 - Esclarecimentos sobre a hipnose

A curiosidade e os mitos sobre a hipnose despertam nas pessoas pensamentos que estimulam a vontade de vivenciar algum momento hipnótico, mas ao mesmo tempo pensam que o hipnotista poderá invadir sua individualidade e fazer o que quiser, pois terá o domínio de colocá-las em sono profundo, perdendo controle total da sua vontade e que talvez não possa voltar ao normal. Vamos então conhecer um pouco sobre o que é hipnose, para assim vencer o medo do desconhecido e eliminar certos preconceitos que resultam em julgamentos inadequados.

A Hipnose é um fenômeno universal, encontrada na história da humanidade desde os seus primórdios. As induções hipnóticas passam por culturas diferentes em várias civilizações, exteriorizadas em danças, rituais, cultos, expressões orais, forças da natureza e simbologias que promovem um estado consciente, associado à modificação da energia mental, resultando num transe hipnótico.

Muitos oradores, pastores, líderes que influenciam comportamentos, que sabem usar palavras e voz adequadas, algumas vezes não têm conhecimento que estão praticando hipnose. No estado de transe hipnótico acontece uma dissociação, num envolvimento motivado induzindo a uma encenação, como num estado de sono, onde se faz regressão de memória, manifestando vivências mentais com liberação de sensações de fatos ocorridos, ou imagens induzidas, que produzem sensação de realidade.

A hipnose costuma ser confundida com o conceito de sugestão. Apesar de inúmeras teorias, a conceituação de definição de hipnose é ainda bastante polêmica. Os mitos sobre hipnose comprometem o conhecimento e sua aceitação como uma ferramenta de ajuda às psicoterapias. A hipnose, como uma técnica terapêutica de alta focalização e utilização clínica, pode trazer grandes benefícios para pessoas que se encontram num estado mental muito agitado, com ansiedade elevada, submetidas a fortes emoções, sendo excelente recurso para induzir ao sono, reduzir dor e minimizar a insônia.

O hipnotizador clínico não tem o poder de controlar uma pessoa, não se trata de hipnose de palco, para espetáculo. Ele deve ter conhecimento de como promover um relaxamento mental e físico para o cliente alcançar um estado de transe, promovendo o desenvolvimento do bem-estar pessoal. Quando uma pessoa conseguir equilíbrio momentâneo, poderá facilitar a tomada de decisões de forma mais assertiva,sem a pressão e medo de errar.

Charlatães sugerem melhora extrapolando os limites do indivíduo. A hipnose é como eletricidade, que em excesso e mal aplicada pode dar choque e curto-circuito. Daí a necessidade de se preparar bem o hipnotizador. Mas em si, a hipnose não faz mal algum, o que faz mal é a sua manipulação inescrupulosa por certos profissionais e a credulidade de certos pacientes.

Freud criou a Psicanálise após ter praticado hipnose, pois constatou que as vivências induzidas poderiam não representar a realidade interna da pessoa. Com a prática da associação livre de ideias, há liberdade para o indivíduo manifestar os afetos que estão no inconsciente, os quais provocam as neuroses (histerias). Uma vez que tenha tomado consciência da causa da angústia, o indivíduo poderá entender e se livrar do sofrimento mental que tanto aflige e desequilibra a vida.



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Diversos 29/11