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Antonio Lopes - Ensaio Psicanalítico 428 - Num buraco escuro e não consigo sair

A preocupação excessiva com as coisas do dia-a-dia, grandes ou pequenas, são potencializadas consumindo a energia física que impede o clareamento do raciocínio, com pensamentos ansiosos que levam à baixa da autoestima, culminado numa sensação de fadiga e desespero, como num buraco escuro, sem conseguir sair.

A perda do prazer de saborear um alimento apetitoso, dificuldade em adormecer ou manter o sono, irritabilidade, tristeza profunda e vontade de chorar sem motivo podem surgir incontrolavelmente após a realização de alguma atividade que exigiu um grande esforço mental e físico, resultando numa estafa aniquiladora. A expectativa de sucesso por um trabalho realizado, o qual consumiu muitas horas de atenção, conjugado com o medo de julgamentos e de fracassos, disparam uma ansiedade que descontrola a capacidade mental de entender o que está acontecendo, anulando o prazer de viver.

Não é incomum ficar girando e tossindo em antecipação a um evento do qual se vai participar, o que resulta numa desestabilização no sistema nervoso e, com isso, a possibilidade de se manifestar uma crise de pânico pelo enfrentamento, criando dificuldades mentais e insegurança para a execução de uma determinada atividade. Se o medo se tornar opressivo e fora da realidade, pode ser sinal de uma fobia, que tem efeito incapacitante, complicando com manifestações somáticas que afetam o corpo e a mente, provocando tensão muscular e dificuldades em relacionamentos.

A ansiedade contínua inicia na mente e se manifesta no corpo, com problemas digestivos que ficam crônicos, intestino irritável, dor, cólicas e inchaço do estômago. Como não consegue se alimentar adequadamente, vem a fraqueza e qualquer coisa que ingerir faz mal, alterando a capacidade de participar de qualquer tarefa. Um dos efeitos da ansiedade é o medo de falar em público e ‘pagar mico’. A pessoa ansiosa passa a ter dificuldades em manter uma vida social, pois fica desconfortável, pensando por um bom tempo depois sobre o julgamento das outras pessoas.

Quando em situações de participação em um grupo, mesmo que sejam colegas, podem sentir como se todos os olhos estivessem voltados para ela, atentos a uma falha e ficam vermelhas, esquecem textos ou letras de uma música, tremem, têm náuseas, suam e enrijecem o corpo, perdendo os movimentos voluntários, prejudicando a performance. Aperto na garganta e no peito, coração acelerado, mãos frias, tontura e respiração alterada completam o desequilíbrio.

Uma boa prática para se livrar desse quadro tão complicado é mentalizar que está bem preparada, acreditar mais na própria capacidade, buscar ajuda profissional e, mesmo com medo, fazer como fazem os cavalos no desfile de Sete de Setembro, cagando e andando. Assim sairá do buraco escuro.



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Diversos 13/12